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10/18/13

18 de Outubro - DIA DA CIDADE DE PEMBA

''Extr. da publicação PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA-1850 a 1960, de Luis Alvarinho, que também se baseou em documentação do Arquivo Hist. de Moçambique, B.O. e Boletim da C. do Niassa, entre outros:

- O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da Colónia 8 de Dezembro, fundada por Jerónimo Romero e dissolvida 5 anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos
  • - Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934.
  • - É elevada à categoria de cidade em 1958 pelo decreto-lei de 18 de Outubro-G.G. da Província.''
PEMBA DE ONTEM E DE HOJE
Por Carlos Lopes Bento para o ForEver PEMBA
 
Ao comemorar-se mais um aniversário da elevação de Pemba a cidade, aproveito a ocasião para saudar todos os seus habitantes e respectivas autoridades e visualizar algumas imagens do meu Album, que lembram um pouco da História recente desta bela urbe, do norte de Moçambique.
 



Para a cidade de Pemba e suas Gentes votos de um futuro próspero e pacífico.
- Portugal, Lisboa, 18 de Outubro de 2009, Carlos Lopes Bento.
Dia da Cidade de PEMBA
LEMBRANDO A CIDADE DE PORTO AMÉLIA/PEMBA E A POETISA GLÓRIA DE SANT’ANA
Pemba - Wikipédia
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E O HOJE DE PEMBA, em 18 de Outubro de 2013:
Aniversário de uma cidade surpreendida! - Noticias OnLine - (Na ótica de Pedro Nacuo)

"""A situação com que a cidade de Pemba é obrigada a coabitar não estava nas previsões de quase todos urbanistas, gestores públicos, incluindo os actores das diferentes áreas político-sociais, cultural e económico, razão porque hoje não é exagero dizer que esta cidade, aos 55 anos de idade, sente-se positivamente surpreendida com cada vez maior demanda, visando satisfazer os apetites que o desenvolvimento económico, por via das descobertas dos recursos naturais, mais a Norte, impõe.

Mesmo localizando-se há cerca de 500 quilómetros de Palma, o epicentro das descobertas de hidrocarbonetos, principalmente o gás, a cidade de Pemba, vive no seu dia-a-dia, o frenesim que uma indústria desse quilate exige, por conta do facto de, até aqui, ser a principal base logística de todas as operações das multinacionais em actividade, tanto em terra como no alto-mar.

Tagir Ássimo Carimo, presidente do Conselho Municipal de Pemba, eleito intervalarmente e que pretende concorrer para as eleições autárquicas do próximo mês, diz que a comemoração dos 55 anos, sobretudo por esta razão, deve servir de momento de reflexão do que será a capital de Cabo Delgado nos próximos 10 a 15 anos.

“As soluções não devem ser encontradas hoje, é o que costumo dizer aos meus colegas, mas deviam tê-lo sido Ontem. Estamos perante evidências às quais devemos simplesmente corresponder, para não defraudarmos as expectativas” diz.

Ainda que se fale da criação de condições logísticas em Palma, incluindo um porto, nada indica que a cidade de Pemba possa vir a ser dispensada a favor do eventual recurso àquele ou outros locais desta província.

Pemba tem um porto marítimo com capacidade de manuseamento de carga de 200.000 toneladas/ano, um aeródromo com ligações directas para Nairobi, Dar-es-Salaam e Joanesburgo e aqui operam cinco bancos e duas agências de crédito.

A baía de Pemba, poderá continuar por muito tempo ainda, a atrair turistas, pois para além de acolher um dos melhores portos da África Austral, oferecendo um amplo ancoradouro que pode ser demandado a qualquer hora, as suas águas são cristalinas sem par, tornando-se num chamariz para os diferentes apetites turísticos de quem vem das outras latitudes.

Ela mede cerca de 10 quilómetros no sentido Norte-Sul e cerca de 11.5 quilómetros Este-Oeste e tem na parte terrestre espaço que hoje é ocupado por 10 bairros e duas unidades residenciais, habitados por 141.316 habitantes, se tivermos fé nos dados do último censo populacional.

Tranquila, como lhe é tradicional, a cidade de Pemba tem encontrado dificuldades de os seus habitantes abraçarem as oportunidades que se oferecem, decorrentes das anteriormente propaladas descobertas dos recursos naturais, mais a Norte da província, justamente porque os seus habitantes ficaram literalmente surpreendidos, mesmo na formação dos seus residentes.

As contas que se fazem actualmente, falam numa força de trabalho de 77.668 pessoas, das quais 42.9% são mulheres, e 57,1% de homens e desse total, 72.5% são empregados e 25% sem emprego, uma carga a não menosprezar, tendo em conta que depois vão engrossar o sector informal, que representa 31,9%, para depois a agricultura e pesca ficar com 19.8 porcento.

É dentro deste quadro que passam os 55 anos de elevação de categoria de cidade, da antiga Porto Amélia, o que ocorreu a 18 de Outubro de 1958 e a edilidade em jeito de balanco, acha que tudo o que foi planificado, à luz do manifesto eleitoral, está a ser realizado, sendo que maior parte foi concluído.

UMA PEQUENA PONTE QUE MARCOU…
O bairro Josina Machel, mas que os populares chamam-no Noviane, nasceu da teimosia dos pembenses face aos rigores de ordenação territorial que eram impostos, que obrigavam que algumas zonas consideradas inóspitas ou reserva de Estado não fossem ocupadas.

A teimosia levou a que, à forca, os citadinos residentes noutros bairros invadissem tais zonas, onde avulta o Chibuabuari e Noviane (Josina Machel), permanentemente alagadiços, íngremes e apertadíssimos. A edilidade, depois que Assubugy Meagy, que foi o primeiro presidente eleito para o município de Pemba, deu lugar a Agostinho Ntauale, cedeu completamente, tendo, inclusive, a autorização da sua ocupação sido um cavalo-de-batalha para as eleições que conduziram este último ao cargo.

Os ocupantes, porém, vinham das suas casas, noutros bairros, onde deixavam novos inquilinos, no advento da “febre” de aluguer de casas para diferentes fins, incluindo, aqueles resultantes do nascimento de muitos serviços na cidade e universidades que chamaram a Pemba, estudantes e docentes que antes não viviam nesta autarquia.

Consumada a ocupação, nada mais restava ao município, do que assistir a um rápido e crescente avolumar de necessidades a satisfazer para os munícipes ali residentes, desde o abastecimento de água, energia eléctrica e outras facilidades, já em pé de igualdade com aqueles que, tendo entendido a medida proibitiva, não quiseram desafiar a autoridade municipal.

Na verdade, tanto Noviane (Josina Machel) quanto Chibuabuari, pertencem ao bairro de Cariacó, razão porque passou a ostentar o estatuto de mais populoso, mais de 47.000 habitantes, suplantando Natite, que até fins da década 90, era o que mais pessoas acomodava.

Nessa sua nova qualidade, Noviane enfrentava, entretanto, um dilema, de travessia de um riacho no seu interior que se havia transformado no maior entrave para que os seus residentes não fizessem a sua vida normalmente. Passou a ser a lamentação de primeiro plano, sempre que alguém das estruturas provinciais ou municipais reunisse com a população daquela área residencial, até que Tagir Ássimo Carimo, toma as rédeas da municipalidade.

No conjunto de infraestruturas e estradas urbanas concluídas, consta, pois a ponte que liga os bairros de Cariacó e a Unidade Josina Machel, inaugurada com pompa que a ansiedade justificava, no dia 20 de Setembro deste ano.

Foram igualmente construídos, no resto da cidade, os mercados dos bairros de Muxara, Mahate e Ingonane, já entregues às estruturas locais para a sua operacionalização, o mesmo que aconteceu em relação às sedes administrativas de Mahate e Maringanha.

Mas ainda há infra-estruturas em construção, nomeadamente, a sede administrativa do bairro de Paquitequete, do posto de saúde do bairro de Alto-Gingone e da Escola Secundária de Amizade Sino-moçambicana, nesta mesma zona habitacional.

Está, por outro lado, em construção uma estrada de terra batida, considerada via rápida, de 5 quilómetros, partindo dos escritórios da ANE (Administração Nacional de Estradas) ao bairro de Chiuba, bem assim foi iniciada a pavimentação em pedra argamassada a rua CI 034.

A LINGUAGEM DAS RECEITAS E A SUA APLICAÇÃO
O nosso jornal teve acesso aos balancetes que se referem às receitas do município, onde deparou com o facto de que houve uma auto responsabilização de colectar 55.525.720,00 MT, pelo menos até Junho do corrente ano, do que resultou um sobre cumprimento em 14%, pois a colecta foi de 62.898,341,95 Meticais.

O fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica foi executado em 73 porcento, o de compensação em 71, de estradas em 46 porcento, de combate à pobreza em 99 porcento e do Programa de Desenvolvimento Autárquico,em 64 porcento.

Está-se, com as baixas no fundo de estradas e PDA, perante um grau de cumprimento fixado nos 83 porcento. Especificamente, no que toca ao fundo de redução da pobreza urbana, o município de Pemba, nestes últimos dois anos, recebeu um financiamento no valor de 18.799.948, 21 Meticais, designadamente, para 269 projectos, em 2012 e 201, no presente ano, abrangendo ao todo 469 munícipes, dos quais, 326 homens e 144 mulheres. Os reembolsos dos valores inscritos no fundo de redução da pobreza urbana, situa-se em 52 porcento.

Desde 2011, os 253 projectos financiados, na agricultura, comércio, pecuária, pequena indústria, prestação de serviços, turismo, pesca, entre outras actividades económicas, beneficiando a  182 homens, 71 mulheres(adultos), 61 jovens e 4 associações,  criaram 396 postos de trabalho.

A CAPULANA VEIO COLORIR MAIS A FESTA DA CIDADE
Havia  pouca crença numa festa visível, por ocasião da passagem dos 55 anos da cidade de Pemba, provavelmente, devido ao facto de tudo estar a ser feito em preparação do pleito que a 20 de Novembro próximo, vai chamar os cidadãos para se pronunciarem à boca das urnas sobre o seu destino, escolhendo quem lhes pode dirigir nos próximos cinco anos.

Por outro lado, a preparação da festa esteve fechada no edifício do município e nas sedes administrativas dos bairros, criando um vão a meio, que deixou cidadãos não informados sobre o que iria acontecer desta vez, no dia de Pemba.

Afinal, havia um programa, o que vai ser cumprido por esta ocasião, que não foge muito ao habitual, no que toca à parte oficial da comemoração, mas cheio de muito entretenimento e desporto, como seja, torneios de vólei de praia, canoagem, feira de artesanato, de Gastronomia, espectáculos musicais com artistas locais, entre outras actividades.

Cada um dos 10 bairros de Pemba, terá uma oportunidade de subir ao palco e apresentar o que terá preparado em termos culturais e recreativos por ocasião dos 55- aniversário da cidade.

Porém, o facto de se ter escolhido a cidade de Pemba, como o palco do festival internacional da Capulana, veio dar outro alento à festa de Pemba, que se preparou para participar e ganhar, conforme afiança Tagir Carimo.

“ Nós vamos participar com um desfile fabuloso. Tivemos nos bairros 12 equipas de inscrição de participantes. É verdade que somos apenas hospedeiros do festival, pois não somos os organizadores, mas não queremos deixar os nossos créditos em mãos alheias” assegura o presidente do município de Pemba.

Para a fonte, não há nada a inventar, se bem que a capulana é a forma comumente usada pelas mulheres da baia de Pemba, razão porque não vê a dificuldade de se atingir o número de 15.000 mulheres trajadas de capulana, que se prevê no desfile que fará o festival.

“ Se só o bairro de Cariacó sair com as suas mulheres de capulana, sem falar dos outros, atingiremos o recorde”."""

Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA". Atualização em Outubro de 2013. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

6/02/07

PEMBA - SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA - Parte 1

Sobre Luis Alvarinho, autor de "PEMBA, Sua gente, mitos e a história - 1850 a 1960" diz-nos a poetisa Glória de Sant'Anna (extraído das páginas de Porto Amélia/Pemba):
""20/06/2002 - Estando em preparação um livro de crónicas em que esta será incluída, envio-a como homenagem ao Luís Alvarinho - Glória de Sant'Anna :
Moçambique – Cabo Delgado
A Escuna Angra é um marco histórico navegando o mar no reinado de D. Pedro V, para as terras de Cabo Delgado ao norte de Moçambique.
Comandada por Jerónimo Romero, 1º tenente da Armada, leva consigo sessenta colonos que irão fundar a colónia agrícola de Pemba, em 1857.
Mãos amigas fizeram chegar até mim um livro sóbrio que relata o facto.
Baseia-se ele essencialmente na adenda à memória descritiva de Jerónimo Romero, e na recolha da tradição oral de toda a região que abraça a baía de Pemba.
É seu autor Luís Alvarinho nascido em Pemba em 1959. (1)
Este jovem que na sua meninice por certo correu pela orla das ondas, colheu búzios na praia do Wimbe, bebeu sumo dos cajus, trincou maçanicas e jambalão: e na sua juventude se sentou frente aos microfones do Emissor Regional de Cabo Delgado, cativado pela magia e o poder da Rádio: este jovem, também ele elemento de mudanças políticas, inicia com o livro "PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÒRIA – 1850 / 1960", datado de 1991, um caminho de pesquisa etnográfica e política das terras de Cabo Delgado – Pemba – nos séculos XIX e XX.
Da recolha oral conta o autor uma terna história que transcrevo:
" em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swailis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.
Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhada por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.
A mulher importante ( NUNO em língua local ) conseguiu sobreviver e montar aí a sua guarita.
Naturalmente conotada a NUNO pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo."
Esta obra com a qual me congratulo, não apenas pelo valor que tem, é uma pedra angular no espaço das letras moçambicanas.
Como o próprio autor diz em nota introdutória, "este trabalho não tem pretenções de um rigor histórico, como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistematização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente...
A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida."
(1) – Foi meu aluno no ensino secundário e faleceu alguns anos depois de ter escrito este livro histórico a que se refere esta crónica. -
Glória de Sant'anna

PEMBA - SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA
NOTA INTRODUTÓRIA
Este trabalho não tem pretensões de um de rigor histórico como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistema­tização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente, afinal a intenção essencial deste estudo.A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida.É assim que, a par de fontes históricas comprováveis, como por exemplo as notas em citação, documentação avulsa do Arquivo Histórico de Moçambique, dados de vários números do Boletim Oficial e Boletim da Companhia do Niassa nem sempre citados para não cansar o leitor, o texto inclui variada informação oral cuja veracidade histórica se torna difícil comprovar mas que duma maneira ou de outra acaba fazendo parte da vida e do sentir da gente de Pemba.Mesmo na sua simplicidade esta obra só foi possível com o apoio do Arquivo Histórico de Moçambique, do Conselho Executivo da Cidade de Pemba, seus responsáveis e várias pessoas individuais de que não menciono nomes pretendendo evitar omitir alguém de muitos que me ajudaram.Muito grato estou aos meus irmãos que me acompanharam nesta caminhada.
Luís Carrilho Alvarinho - Maio, 1991

I
EIS, PEMBA!
A turística cidade de Pemba, ao noroeste da costa de Moçambique, encontra-se implantada na península meridional de uma das mais belas baías do mundo - PEMBA - e estende-se ao longo de uma colina que se eleva gradualmente até ao chamado "Planalto dos Cajueiros". Maravilhosas praias a orlam roubando-lhe grande parte da costa que, ora deixa penetrar francamente as águas do mar sobre uma areia branca e fina ora as faz estancar em rochas, já bem batidas, mas de uma magnífica beleza natural. Da Maringanha ao Paquitequete se pode experimentar o cheiro a maresia quando os ventos carregados de iodo vêm do mar ou deliciar o perfume aromático arrancado às resinas e essências dos maciços florestais quando eles do interior sopram em direcção ao litoral. Outrora com densa vegetação e floresta cerrada onde só animais selvagens viviam, a cidade de Pemba é hoje habitada por cerca de 80.000 pessoas e visitada anualmente por mais de um milhar de turis­tas. É delimitada a Norte pela ponta Mepira e a Sul pela ponta Maunhane, ocupando uma área de 142 km2. O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da “Colónia 8 de Dezembro", fundada por Jerónimo Romero e dissolvida cinco anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos. A princípios da década de 1890 um indivíduo de origem malgache funda a noroeste do actual bairro de Paquitequete um povoado conhecido pelo nome de “Muenha Amade”. A Companhia do Niassa instala, por sua vez em 1897 nas proximi­dades dessa povoação um posto militar para no ano seguinte criar o Concelho de Pemba com sede na povoação de “Pampira”, nome por que também era conhecida a região. Por portaria do Ministério da Marinha e Ultramar de 22 de Novembro de 1899 e proposta do Conselho da Administração da Companhia do Niassa, Pemba ou Pampira passa a denominar-se "Porto Amélia" em homenagem à última rainha de Portugal D. Amélia de Bragança. Dada a sua importância como porto exportador e às facilidades no trato do comércio do sertão a Companhia do Niassa transfere em 1902 de Ibo para Porto Amélia a sede da sua administração. Extinguindo em 1929 a companhia majestática, a administração colonial portuguesa manda rectificar a planta de Porto Amélia com vista a organizar ali uma nova povoação, decidindo no entanto manter-lhe o nome. Em 1932 passa ter a povoação de Porto Amélia uma Câmara Mu­nicipal, cujo foral lhe foi concedido 11 anos depois. Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934 e é elevada à categoria de cidade em 1958 pelo Decreto-lei de 18 de Outubro do Governo Geral da Província. A escassos meses da independência de Moçambique a cidade de Porto Amélia volta a denominar-se Pemba, por ordem do Presidente Samora Machel.
(Continua)

5/30/07

PEMBA - Turismo cultural é prioridade.

Intensificar turismo cultural continua a ser nossa prioridade diz Agostinho Ntawale, presidente do município de Pemba .
A cidade de Pemba – orgulhosamente apelidada de berço que acolhe a terceira maior baía do mundo – continua galvanizada no estabelecimento definitivo de um turismo cultural que fará daquela urbe da província de Cabo Delgado, uma janela importante e privilegiada de Moçambique. De acordo com Agostinho Ntawala, presidente do município local, que esteve recentemente na Bolsa do Turismo realizada em Maputo, há muito trabalho que está sendo feito neste momento, particularmente na área da construção de infra-estruturas. “Qualquer nacional ou estrangeiro que queira investir em Pemba, pode fazê-lo, nós estamos abertos”. Neste momento há uma grande azáfama para construção de hotéis, que incluem de cinco estrelas.
Ntawala, em conversa com a nossa Reportagem, evocou como um dos chamaris para chamar a atenção das pessoas sobre o desenvolvimento de Pemba, o Festival de Turismo Cultural da Baía, que se realiza uma vez por ano. “Este evento é o espelho de Cabo Delgado. Se você quer ir à Mueda, ou Nangade, ou outro local da nossa província por alturas desse festival, não precisa de ir lá, porque todo Cabo Delgado vem dar à Pemba”.
Apresentado este panorama, questionamos ao presidente do Município de Pemba se isso significa que a cidade por ele dirigida está de boa saúde.
“Nós estamos bem, porque o turismo não se circunscreve apenas à cidade de Pemba, mas também nas Ilhas. Temos o turismo em que as pessoas têm a oportunidade de se banhar nas águas do mar, temos também fauna bravia no Parque Nacional das Quirimbas que engloba a parte marítima e também a parte continental, onde se podem contemplar animais”.
São projectos inúmeros e ambiciosos abraçados pela equipa de Agostinho Ntawale, que passam por acreditar sobretudo na força do trabalho. “Temos em manga a urbanização da terra para poder viabilizar os projectos de construção para o bem-estar da população. Neste momento estamos numa fase de parcelamento de algumas áreas municipais em que posso afirmar que temos já 400 talhões, para ver se a nossa cidade vai ter uma habitação condigna, aliás esse é o nosso programa. Outro projecto circunscreve-se à viabilização de zonas potenciais para prática de turismo cultural, e lá nós só autorizamos a construção de infra-estruturas turísticas e achamos que podemos combater a pobreza absoluta nesse âmbito, porque as pessoas terão emprego e também, além do emprego, temos aquilo que é a contribuição dos operadores no âmbiuto da e também na agricultura de pequena escala e isso fará com que a cidade de Pemba, nos próximos tempos reduza circunstancialmente pobreza”.
BOLSA DO TURISMO
Uma das estratégias adoptadas por Agostinho Ntawala para a promover a sua cidade, foi vir à Maputo para a Bolsa do Turismo. “Eu vim a Maputo para dizer ao mundo que nós estamos aqui, não viemos na nossa máxima força, mas estamos em grande: trouxemos aqui grupos culturais habitualmente vistos na baía de Pemba, trouxemos uma gastronomia invejável, estamos no mínimo com qualquer coisa como 25 pratos que estão a girar aqui na Bolsa de Turismo, e são pratos típicos de Moçambique, então essa é uma componente muito importante”. Ainda no Bolsa de Turismo foi lançado um CD de uma cantora- revelação chamada Zainabo, que fala das potencialidades da cultura de Cabo Delgado. O nosso trabalho não é confidencial, é público e gostaríamos que qualquer moçambicano, onde estiver, acompanhasse isso”.
Outra estratégia encontrada pela edilidade é a promoção regular de festivais. “Agora capitalizamos o Festival de Turismo Cultural da Baía, que é realizado todos os anos. Isso significa que aqui nós mostramos todo o potencial de Cabo Delgado”.
Em relação ao turismo cultural, o nosso interlocutor, abre espaço para a participação do sector privado.
“Nós temos já processada a autorização de um grupo de investidores que vão construir um hotel Vip e outros hotéis. E pensamos que, de certa maneira, isso vai catalisar o turismo e a dinâmica social, económica e Cultural de Cabo Delgado”.
Esse desenvolvimento projectado passará ainda pela construção de uma auto-estrada que vai ligar a cidade velha à nova – onde estão a ocorrer grandes transformações.
DEPOIS DO FESTIVAL
Após a realização do 2º Festival da Canção e Música Tradicional realizada na cidade de Pemba em 2006, a capital provincial de Cabo Delgado, em termos de desenvolvimento cultural já não será a mesma.
“Pemba mudou muito. Ficámos a saber que afinal podemos fazer maravilhas. Como réplica desse festival nacional, acabámos criando o Festival de Turismo Cultural da Baía, que está a dar um grande sucesso e penso também que a mentalidade das comunidades também mudou, porque eles acham que hoje, afinal de contas podem promover a província de Cabo Delgado através da dança, da canção, através da cestaria, da escultura makonde, então eu julgo que, de facto, o segundo festival da canção tradicional veio, mais uma vez, dar um impulso à província de Cabo Delgado”.
Pemba é também uma cidade de muitos bairros. Qual deles o mais importante, na visão de Ntawale?
“Nós temos o bairro histórico de Paquitiquete, onde qualquer visitante que vai para ali, encontrará a cultura típica da baía de Pemba, mas no seu todo, em todos os bairros a cultura está patente e o grupo que trouxemos a Maputo é do bairro de Ngonane. É um dos melhores de Pemba, por isso o trouxemos aqui. Mas em cada bairro municipal temos grupos culturais que são o orgulho de Pemba e que precisamos de expô-los para todo Moçambique saber o quê que tem por dentro do seu país”.
O SEGUNDO FESTIVAL DO WIMBE
De 28 de Dezembro a 1 de Janeirto de 2008, vai-se realizar o Segundo Festival do Wimbe. Aí é para ver Cabo Delgado por fora. Todo Cabo Delgado estará ali representado nas suas mais variadas vertentes socioeconómica cultural.
“Estamos a criar um ambiente em que a passagem do ano para 2008, Pemba seja o lugar apropriado aqui ao nível desta zona de África. É o primeiro sítio onde se pode ver primeiro o nascer do sol, então tem mais um motivo porque você sempre quer ser o primeiro a ver o sol do primeiro dia do ano de 2008, então o lugar é Pemba.
Pemba é deveras especial. Tem recebido grandes estrelas dos Estados Unidos da América que vão ali. Aterram no nosso aeroporto, e vão para as ilhas, e eu penso que isso faz com que a cidade de Pemba seja um orgulho para o moçambicano. Pemba é procurado no mundo inteiro. O importante agora é que nós todos divulguemos este ouro para que de facto se torne destino invejável.”.
Maputo, Quarta-Feira, 30 de Maio de 2007:: Notícias - ALEXANDRE CHAÚQUE

1/03/08

PEMBA teve Festival da baía com direito a Miss e tudo o mais...

(Imagem original daqui)
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Segundo conta o Pedro Nacuo no Notícias desta manhã de quinta-feira, 03/01/08:
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Pemba : Festival da Baía foi assim-assim!
O esperado Festival turístico-cultural da Baía de Pemba, organizado pela edilidade acabou tendo lugar nos dias previstos, com uma organização relativamente melhor, mas com uma participação quantitativa aquém das expectativas, mas qualitativamente acima dos outros aqui realizados.
O Festival decorreu sem sobressaltos, apesar da falta de realização de alguns eventos propostos, que acabaram sendo as pequenas manchas da II edição da manifestação cultural, turística e que desta vez se tornou, igualmente desportiva.
Era um movimento programado para realizar uma série de actividades de cariz turístico, cultural e desportivo, mas alguns destes “itens” ficaram por ver, porque os convidados do Conselho Municipal da Cidade de Pemba, à última hora, desistiram de aderir à iniciativa.
O facto de ter coincido com a quadra festiva pode ser uma causa, bem como há factores a não menosprezar, como seja a chuva e o facto de as pessoas estarem a vir de um outro festival, também realizado no mês de Dezembro.
Na verdade, o cantor congolês que tanta expectativa criou, Awilo, à última hora, não se deslocou à Pemba. Ainda assim, de acordo com o chefe da Comissão organizadora, Tagir Ássimo Carimo, houve contactos com a embaixada daquele país para que a sua compatriota Tsala Muana viesse participar no festival, mas debalde.
“Penso que o fim do ano lhes ocupou e à última hora preferiram os compromissos nos quais esperavam muito mais dinheiro”, disse Tagir, da mesma forma que nos anuncia a não comparência dos expositores turísticos que se esperavam, no que se aventava fosse um momento de divulgação das potencialidades turísticas existentes em Pemba e não só.
Acabou sendo Carlos de Lina, o jovem músico, natural de Cabo Delgado, mas que anda por paragens fora desta província, o “cabeça de cartaz” que salvou o convento, acompanhado por músicos locais do moribundo conjunto “Makhalelo”, ora a actuarem também sem um dos seus vocalistas, Zema, que prefere aparecer sozinho.
E os “Macondeko”, que afinal não tinham conseguido regressar à Tanzania, depois dos dissabores que deram ao público de Pemba no festival anterior, organizado pela Direcção Provincial do Turismo, tendo-se prejudicado, igualmente a si próprios, foram convidados e actuaram, sem o brilho esperado.
O conjunto, na impossibilidade de se aguentar na cidade de Pemba, optou por ir fazendo espectáculos nos distritos para conseguir dinheiro para o seu regresso e a salvação terá sido mais este festival.
Diga-se de passagem que a presença dos motociclistas, vindos na caravana que fez “Raly” Beira/Pemba, é que minimizou as dificuldades que o festival estava a ter, pois, de repente se tornaram na maior atracção dos citadinos de Pemba, com as suas máquinas a roncarem em terrenos previamente preparados, quer fosse no bairro de Maringanha, quer fosse em Cariacó, ou ainda no Estádio Municipal/CFM de Pemba.
As multidões ficaram com recordações da II edição do Festival da Baía de Pemba, principalmente por haverem tido a oportunidade de assistir à grande exibição de motocross, para além dos cavaleiros e a banda militar que desfilaram no primeiro dia do evento.
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MISS PEMBA Chama-se Regina.
É estudante da Escola Secundária de Pemba.
Tem 16 anos de idade.
O seu nome saltou para a boca do povo por ter conseguido superiorizar-se ante oito outras concorrentes do desfile que pretendiam escolher a menina “mais mais” da Baía de Pemba.
Ela vai ganhar, por isso, 10 mil meticais e uma motorizada.
Mas Agostinho Ntauale, edil de Pemba, diz mais: “O Conselho Municipal vai-lhe prestar uma especial atenção, pois se trata na verdade da menina-modelo, que pode ser assediada (no sentido positivo) pelos turistas, que bem podem querer conhecer a tal beldade”.
Promete igualmente uma bolsa. “Esperemos que a Regina não decepcione”.
Quem vai ganhar 5 mil meticais e um televisor é Telma António, por se ter posicionado em segundo lugar.
Juliana também arrecadou 5 mil meticais e um DVD, porque ficou em terceiro lugar e a “miss-simpatia” ficou Elvira Damião, que por esta razão receberá 4 mil meticais.
Cada uma das restantes concorrentes, por terem participado, receberá 2 mil meticais.
Tagir Ássimo Carimo diz que neste momento, em relação à ideia dos festivais, vai a discussão o melhor período da sua realização, havendo entretanto um consenso quando à necessidade de os fazer no mês de Outubro.
“É uma ideia preliminar e o objectivo é fazer coincidir com o aniversário da cidade de Pemba, que calha a 18 de Outubro. Seria, por isso, um movimento que teria o seu epílogo no dia do aniversário da cidade e no próximo ano temos a comemoração dos 50 anos de Pemba”.
Pedro Nacuo

10/24/05

BAÍA DE PEMBA - mito ou realidade...


Em "LINHA D'ÁGUA" do "Correio da Manhã" (Maputo) de 21 de Outubro de 2005, Luis Loforte escreveu:

Tudo quanto se relacione com a cidade de Pemba me prende muita atenção.
E quero acreditar que todos sabem as razões disso, pelo que seria repetitivo expô-las aqui.
A razão, porém, de falar dela hoje prende-se com a passagem de mais um seu aniversário.
Antes propriamente de entrar no assunto que me motivou estas linhas, deixem-me revelar-lhes um problema que nunca consegui decifrar.
Quando em Agosto de 1968 parti com destino a Porto Amélia, partira do Sábiè.
Desde 1965 que aqui vivia e nunca soubera, exactamente, como se designava aquela terriola.
O mais curioso é que cada pessoa parecia escolher a sua própria designação: Sábiè (Saviela), Machatuine ou Mavila (ka Mavila).
À chegada a Porto Amélia, logo, logo me apercebi que cada um chamava também à terra o nome que a sua consciência lhe ditava: Porto Amélia ou Pemba.
De uma coisa, porém, todos estavam de acordo: a baía chamava-se Pemba, daí o porto não era de Porto Amélia, mas, sim, de Pemba.
É, aliás, sobre a baía de Pemba que pretendo trazer à liça uma outra ambivalência no que acerca da sua dimensão diz respeito.
A baía de Pemba é ou não é a terceira maior baía do mundo, como há muito nos habituamos a ouvir dizer?
C. Torres era um cronista respeitado do Rádio Clube de Moçambique, através do seu programa "Manta de Trapos".
Uma sua crónica urdida em Abril de 1973 e a-propósito das potencialidades virtuais do porto de Nacala previa que a "menos que algo de extraordinário e imprevisível aconteça, tudo indica que será Nacala o grande porto moçambicano do futuro".
Para Torres, a sua premonição era também sustentada por alguma dor de cotovelo sentida pelos habitantes de Porto Amélia, que sofriam as "consequências da inânime administração da antiga Companhia do Niassa", ao verem o nome de Nacala crescer, "gritando a torto e a direito que habitam nas margens da terceira maior baía do Mundo" e por isso tudo quanto Nacala vai conquistando lhes "era devido a eles".
Depois da bofetada aos habitantes de Porto Amélia, C. Torres partiu a zurzir Inhambane. Embora não seja motivo desta crónica, vale a pena citá-lo: "Quanto a ser a terceira maior baía do Mundo trata-se de uma patranha [história mentirosa] geográfica tão rotunda como ser Inhambane a terra a que Vasco da Gama chamou de ‘boa gente’".
Antes de trazer os exemplos que sustentam as suas razões, o cronista revolta-se com o facto do mito da baía de Pemba, assim como do de Inhambane, continuarem a correr como "indiscutíveis verdades de boca em boca".
Para C. Torres, bastariam "umas noçõezitas de geografia" para saber que "não há dezenas, mas talvez centenas de baías maiores do que a de Pemba em redor do Globo".
Dispensando a baía de Hudson e as dos mares gelados do Norte ou da Antárctica como exemplos de superação à de Pemba, gozou os pembenses da seguinte maneira: "Só nas ilhas nipónicas encontramos dezena de baías que metem a de Pemba num chinelo, seja qual for o ângulo pelo qual as encaremos".
E depois, sim, trouxe os exemplos: "Mas o que é pior para o caso de que estou a ocupar-me é que mesmo defronte de Moçambique se encontra Madagáscar, com umas seis baías maiores do que a de Pemba: Diego Suarez, Antongil, Bombetoka, Mahajamba, Ampasindayu e Narinda".
As farpas de C. Torres podem, estas sim, ser autênticas patranhas quando atiradas sem indicar os parâmetros em que assentam as suas comparações.
Se calhar, as centenas de baías que metem a de Pemba "nos chinelos" fazem-no em comprimento ou até pela estreiteza e elas, porventura, metidas "nas socas" de Pemba na componente profundidade e largura.
Tudo depende sempre do ângulo em que vemos as coisas.
Ora, mais do que "noçõezitas de geografia" teriam certamente os autores dos livros oficiais que eu conheço sobre Moçambique para escreverem que a baía de Pemba é larga e uma das mais belas do mundo ou que o epíteto de terceira maior do planeta tem nos parâmetros de amplitude e profundidade a sua base de sustentação.
Não seriam também atrasados mentais aqueles que nos dizem que apenas a baía de Guanabara, no Brasil, e a de Sidney, na Austrália, suplantam a da nossa Pemba.
E se os parâmetros são a amplitude e a profundidade, não estranha que em Guanabara e Sidney se localizem dois dos mais importantes portos do Mundo.
E no dia em que Moçambique resolver os seus problemas estruturais (estradas e caminhos de ferro funcionais), ainda vingará a tese de que o cais de Pemba, construído em 1957 e onde pode atracar um navio de longo curso de qualquer calado, servirá com grandes vantagens económicas o Malawi e uma parte da Zâmbia, além de servir melhor do que ninguém a drenagem da produção desse gigante adormecido que é o Niassa e da própria província de Cabo Delgado.
E agora uma pequena provocação e sem que se interprete tal diatribe como revolta pessoal por a cidade ter deixado de comemorar os seus anos no dia do meu próprio aniversário: 9 de Dezembro. Mas isso são contas do outro rosário.
A portaria 12712, de 18 de Outubro de 1958, publicada no Boletim Oficial número 62, primeira série, da mesma data, elevou a vila de Porto Amélia à categoria de cidade com a denominação de "Cidade de Porto Amélia".
A denominação "Cidade de Pemba" foi anunciada, em comício, por Samora Machel, que eu saiba sem qualquer portaria ou Boletim da República.
Tal como aconteceu, afinal, em relação a outras urbes: Lourenço Marques para Maputo, João Belo para Xai-Xai, Vila Pery para Chimoio, e por aí fora.
O que é que comemoramos, afinal, a 18 de Outubro: a criação da cidade de Porto Amélia ou a criação da cidade de Pemba?
E para terminar esta evocação, apenas uma pequena observação.
Quando cheguei a Porto Amélia, a cidade ainda se encontrava, de facto, na parte baixa e só timidamente subira para cinquenta metros acima do nível das águas marinhas.
Morei num bairro que já nem vestígios ostenta: o "Comboio".
Nas zonas hoje nobres, ainda vimos macacos trepando as maçaniqueiras.
Sempre estranhei que as casas em Porto Amélia fossem construídas com paredes descomunais, algumas com para aí trinta centímetros.
Afinal, segundo mais tarde havia de tomar conhecimento, a cidade de Pemba é propensa a ciclones e os edifícios, por várias vezes no passado, já foram destruídos e arrasados.
Hoje por hoje, ainda se terá em conta esse capricho da Natureza?
Outra particularidade da cidade de Pemba no passado é que a água corrente era captada do mar e depois desalinizada.
Cada residência ou mesmo instituições eram construídas com a respectiva cisterna, que captava a água das chuvas (abundantes e quase em regime permanente) e normalmente destinada ao consumo humano.
Hoje, fala-se em cinquenta e um biliões de meticais para a reabilitação do sistema Pemba-Moaguide para trazer água doce à cidade, o mesmo que se fez, aliás, há pouquíssimos anos, o mesmo que se fará daqui a poucos anos.
Mas se além de olharmos para o passado buscando as datas que nos fazem celebrar o aniversário de uma cidade bela, nesse passado talvez também encontrássemos soluções para muitos dos problemas que nos afligem hoje.
Bem haja, cidade de Pemba!
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
Colaboração de I. A. P.
Via: "Correio da Manhã"- Nº 2188, Sexta-feira, 21/Outubro/2005
Telefone da Redação: 21305321/3 e 21305325.
Editor: 21305326, Fax: 21305328.
Delegação na Beira: Praça do Município, 17, 1º andar Direito.
Telefone/Fax: 23301648.

6/01/08

Baía de Pemba - A mais bela entre as belas...

(Imagem original daqui. Clique na imagem para ampliar)
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Não é novidade. Mas é de justiça!
Repito o tema e transcrevo na íntegra do DN de hoje:
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A baía de Pemba é bela !
A baía de Pemba, situada na província de Cabo Delgado, passou a integrar o restrito clube das mais belas baías do mundo, um projecto nascido em 1997 e que visa preservar e promover internacionalmente espaços de grande beleza na ligação entre a terra e o mar.
Pemba é a terceira maior baía do mundo, mais de 40 km de extensão, numa área de quase 150 km2 de superfície diversa, com estuários e mangais, superada, apenas, pelas baías de Guanabara (Brasil) e Sydney (Austrália).
Antiga zona de Porto Amélia, na época colonial, foi atingida pela primeira vaga colonial portuguesa em 1857 (um grupo de 60 colonos minhotos, embarcados no Tejo no navio Angra, uma das referências históricas nas terras de macuas, macondes e muanis) quando ali chegou liderada por um tenente da armada, Romero de seu nome, ainda hoje referenciado na ponta sul da boca de entrada da baía, tendo a oposta o nome do interlocutor dele na época, o régulo Said Ali.
De Pemba é, também, Rui Andrade Paes, pintor, famoso desde o momento em que assinou as gravuras de Pipas de Massa, um livro infantil de Madonna, e da terra onde nasceu e cresceu guarda o fascínio "por anatomias e texturas", fixado "nos animais da tradição africana, que caminham e falam com consciência humana", e reconhece que ali, em Pemba, a luz lhe ensinou "a clareza das coisas". Ficou, para sempre, "com mente europeia e coração africano", e não são raras as referências a esse ilustre filho da baía de Pemba.
Silva Barros-Diário de Notícias OnLine - 01/06/08
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Alguns post's anteriores deste blogue sobre o a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Pemba e o turismo... - 28ABR2008 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Nunca é demais repetir... - 29ABR2008 - Aqui !

Algumas páginas virtuais da Família Andrade Paes:

  • Glória de Sant'Anna - a poetisa do mar azul de Pemba - Aqui !
  • A Arte de Inez Andrade Paes - Aqui !
  • Pássaros de Inez Andrade Paes - Aqui !
  • Inez Andrade Paes - Pintura - Palavras - Fotografia - Aqui !

5/04/10

Retalhos - De Porto Amélia a Pemba - História

A baía de Pemba, a 13º00’ Sul e 40º30’ Este da costa de África, é vulgarmente considerada a terceira maior do mundo, sendo a primeira a de Guanabara no Brasil seguida da de Sidney na Austrália.

As suas águas ondeando tons, ora azuis ora verdes, apresentam-se mansas em dias de bom sol e agradável tempo mas também escarpadas, rugindo de encontro aos rochedos ou regalando pela areia quando os ventos sopram furiosos do Sul.

Este ventos mais conhecidos na região por “kussi” originam, não raras vezes centros depressionários bastante fortes do tipo tropical que arrasam quase por completo a cidade.
O mais antigo temporal que a documentação disponível nos pôde recordar data de 18 de Dezembro de 1904 que causou vários danos assim como levou ao afundamento um pequeno vapor e um iate. É feita referência nessa altura à falta de faróis ao largo da baía, sendo o único o da ponta Said Ali que, para além de ter somente 6 milhas de alcance e não 9 como indicavam as cartas de então, não era aconselhável aos navios que passassem no alto mar.

Outro grande temporal devasta Pemba em 1914, destruindo pratica­mente todas as habitações e provocando grandes embaraços aos serviços da Companhia. (1)

Estes ciclones assolam de tempos a tempos a região de Pemba, tendo o mais recente ocorrido em 1987.

Em sua extensão a baía de Pemba atinge os valores de 9 milhas de Norte a Sul e 6 de Leste a Oeste, perfazendo um perímetro de 28 a 30 milhas.
Mas não só por isso ela goza de tal fama como também pela pro­fundidade do canal de acesso e do porto, com sondas que variam entre 60-70 metros na entrada e 10-40 na parte média, para atingir os 25 metros no fundeadouro junto ao cais diminuindo em direcção á costa.

A sua entrada é, pois, franca a qualquer tempo e hora, podendo nela penetrar à vontade navios até cerca de 6 metros de calado. No entanto, devido a alguns perigos isolados formados por rochas e bancos de coral, é necessária a pilotagem para os navios de alto mar.
A boca de entrada a partir da qual é feita a pilotagem é delimitada a Norte pela ponta Said Ali e a Sul pela ponta Romero, havendo actualmente farolins em ambos os lados.

Desaguam na baía alguns pequenos rios sendo o maior o Meridi cuja foz desemboca nas proximidades do baixo Mueve.

A baía de Pemba constitui, sem dúvida, um porto natural bastante seguro e, apesar de tudo, abrigado dos temporais regionais, tendo sido qualificado por Elton - Cônsul britânico em Moçambique a finais de 1890 - como "O melhor desde Lourenço Marques a Zanzibar”.
Alguns autores supõem que a baía de Pemba possa ter tido uma origem vulcânica, baseando-se no facto de ali se encontrar com abundância a "pedra pomes" própria de rocha vulcanizada. Mas a sua constituição calcária e não basáltica vem a contradizer tal suposição.

Das origens do nome pouco mais se sabe do que as escassas informações recolhidas da tradição oral, algumas das quais baseadas em lendas, e deve tomar-se em consideração que a designação de Pemba para nome da região não foi a única ao longo dos tempos.

Em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swahilis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhadas por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante (“nuno” em língua local ) conseguiu sobreviver e montar ali a sua guarita. Naturalmente conotada a "Nuno" pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo.
Nasce a zona de Nuno pelo qual foi conhecido por longos anos o actual bairro do Paquitequete. Mais tarde viria a anexar-se a esta designação a expressão “pampira” (no sitio da borracha) em virtude da grande quantidade da árvore da borracha que no local nascia espontaneamente.

A região servida pela baía de Pemba foi também já conhecida por Mambe expressão que pode simultaneamente significar quantidade e longitude.

Embora certos autores relacionem “mambe” à baía de Pemba, a região a que a administração colonial designa por esse nome se situa mais a norte, no distrito de Macomia.

Uma outra tradição oral refere que um europeu, em data também não precisa, proveniente de Zanzibar faz desembarcar na baía os indígenas que o acompanhavam e, estes, vendo-se assaltados por grandes enxames de moscas gritavam dizendo “pembe” que em swahhili significa mosca.

Teria sido mambe, pembe ou outra a origem da expressão "Pemba" no território moçambicano (2), certo é que ela figura nas primeiras cartas inglesas como "Pembe Bay”.
- Clique nas imagens acima para ampliar.
 VII - A ocupação colonial definitiva

Abandonada a região de Pemba pelos portugueses, e mais tarde praticamente pelos povos macuas da regedoria Muária, alguns baneanes e mouros ocuparam-na nos finais da década de 1880 sob a chefia de um tal malgache chamado “Muenhe Amade”, fundador da povoação do mesmo nome em Pampira.

Instituída a Companhia do Niassa esta manda, 4 anos mais tarde, ocupar a baía, tomando em consideração o então notável desenvol­vimento comercial dos territórios a Sul de Quissanga bem como a necessidade de controlar o comércio do sertão.

Por outro lado, porque o posto militar criado em Pemba há mais de um ano havia permitido um clima de boas relações com os régulos e consideradas garantidas as condições de segurança, é instituído o Concelho de Pemba com sede na povoação de Pampira.

Assim o comandante do posto militar de Pemba é nomeado chefe do Concelho em acumulação com as anteriores funções.

Projectara a companhia magestática a construção de uma linha férrea que ligasse Pemba ao Niassa no intuito de monopolizar o tráfico de Tanganica /Niassalândia:

"O caminho de ferro de Pemba ao Niassa chamará a meio caminho a mercadoria que for descendo pela boca de Chire, inclusive a que, por ventura proceda da própria bacia do Congo. Hoje que à nossa com­panhia foram concedidos os territórios, será pratica­da a ligação ferroviária do lago com a excelente baía de Pemba, realizando-se assim não só um desideratum da moderna civilização mas também o caminho que será o único e incontestado para o grande co­mércio da África" (12).

Esperava-se que Pemba pudesse ser o porto para o abastecimento do carvão do Medo e do Itule, bem como madeira, metais, nomea­damente o ferro e o cobre e ainda o marfim entre outros artigos originários de zonas do interior.

Para o lisonjeio de Coutinho (13):

"... a explêndida baia de Pemba - está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas numas cir­cunstâncias tais que aproveitadas convenientemen­te, lhe chamarão o que lhe pertence de direito, e pertence de facto o exclusivo do tráfico do Tanganica-Niassalândia”.

Por outro lado, Pemba a um dia das Comores poderia daí receber a borracha, a cera, a copal, a urzela, o marfim e peles.

É ainda a finais do século passado, mais concretamente em 1899 que a companhia do Niassa contrata Gilbom Spilsbury (delegado do Conselho da Administração da Companhia) para uma expedição militar para avaliar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios de Cabo Delgado e Niassa mas o facto de se pretender atingir zonas mais para o interior Pemba foi nesse projecto relevada para segundo plano.

Porque se pretendia reabilitar o processo de desenvolvimento de Pemba num momento em que a povoação estava ameaçada ao isolamento devido ao internamento de comerciantes e indígenas no interior para fugir à alçada da autoridade colonial (14) ela é inicialmente considerada terra de terceira ordem e são dispensados de direitos e emolumentos de portos aos vapores que para ali fazem carreiras regulares, nos primeiros anos do nosso século.

Também na primeira década de 1900 é criada em Porto Amélia no ano de 1908 uma escola de sexo masculino denominada "António Centeno” nome de um Administrador de Companhia em Portugal, no qual logo se matricularam 14 alunos dos quais 2 europeus, 1 branco natural, 6 mestiços e 5 negros. (15)

Dados estatísticos da população de Porto Amélia em 1908 indicam haver nessa altura 18.604 habitantes, sendo 18.498 negros, 50 asiá­ticos, 26 europeus e 17 brancos naturais. (16)

Em 1909 é ocupado todo o concelho de Porto Amélia.

A finais de 1917 desembarca em Porto Amélia uma expedição militar inglesa para colaborar com o exército português na luta contra os alemães no decurso da primeira Guerra Mundial.

Foi esta expedição que, aproveitando as condições da lagoa existente na planície de Natite, colocou uma bomba de água e um pequeno sistema de abastecimento de água canalizado.

Como memória dos militares ingleses tombados durante a 1ª Guerra Mundial, ainda hoje se pode ver no cemitério de Pemba uma zona com as suas sepulturas que o governo de Sua Magestade Britânica mandava visitar periodicamente, deslocando navios de guerra com oficiais que no local procediam às cerimónias na presença do capelão do Navio. Este cemitério particular esteve durante longos anos à responsabilidade de Carlos Delgado da Silva.

Pelo Decreto nº 16.757 de 20 de abril de 1929, foram retirados à Companhia do Niassa os poderes de administração dos territórios concedidos em 1894, tomando o Estado posse dos mesmos a 27 de Outubro do mesmo ano. Foi assim restabelecido o Distrito de Cabo Delgado, na Província do Niassa com sede em Porto Amélia, deixando assim esta povoação de estar agregada ao Distrito de Niassa.

Para o período a que nos referimos duas reclassificações sucessivas para o terreno de Porto Amélia têm lugar na sequência da restrutu­ração que se inicia em 1930. A primeira verifica-se a 11 de Janeiro desse mesmo ano classificando-a em 1ª ordem e a outra em Agosto seguinte descendo-a para 2ª alegadamente por se encontrar tal como o Ibo criada à data da passagem dos territórios para a administração portuguesa com aquela ordem.

Em 1936 é aprovada a planta de modificação da vila de "Porto Amélia, Concelho e Distrito do mesmo nome, província do Niassa" (17), constituída inicialmente por 232 talhões para em 1941 entrar em vigor uma portaria delimitando a zona urbana e a suburbana.

Um bairro económico constituído por 16 blocos de aproximadamente 50/80 metros é criado no Cariacó em Porto Amélia no ano de 1943.

Ainda nesse mesmo ano e tomando em conta a necessidade de autonomizar o município da vila e dotá-la de poderes mais amplos em vista do desenvolvimento local é concedido o foral de Porto Amélia.

Em 1953 determinou o Secretário Provincial, Eng. Pinto Teixeira, em nome do Governador Geral, comandante Gabriel Teixeira empreender a construção de um cais acostável para navios de grande porte, obra que viria a ser inaugurada a 26 de Janeiro de 1957 com a acostagem inaugural do paquete "Angola".

Foi só com a materialização desta obra que Porto Amélia inicia a sua arrancada ao desenvolvimento. Assim constata-se que o movimento de mercadorias eleva-se de cerca de 40 mil para 48 mil toneladas aproximadamente.

A Vila de Porto Amélia é elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958.

Contudo o desenvolvimento esperado talvez nunca tenha passado de sonhos e pequenas iniciativas. Um jovem da cidade em 1971 desa­bafava numa entrevista a um jornal:

"... É pena Porto Amélia ser muitas vezes esquecida, pois se podia fazer mais por ela e só os seus ver­dadeiros habitantes é que a podem desenvolver e engrandecer, mas nenhum deles é Onassis ou Rockfeller” (18).

Pemba... A solidão da sua simplicidade parece tão natural quanto a sua beleza e destino à sorte do acaso...
- Luis Alvarinho.

Sobre Luis Alvarinho -  20/06/2002 - Estando em preparação um livro de crónicas em que esta será incluída, envio-a como homenagem ao Luís Alvarinho - Glória de Sant'Anna.

Moçambique – Cabo Delgado - A Escuna Angra é um marco histórico navegando o mar no reinado de D. Pedro V, para as terras de Cabo Delgado ao norte de Moçambique. Comandada por Jerónimo Romero, 1º tenente da Armada, leva consigo sessenta colonos que irão fundar a colónia agrícola de Pemba, em 1857.

Mãos amigas fizeram chegar até mim um livro sóbrio que relata o facto.

Baseia-se ele essencialmente na adenda à memória descritiva de Jerónimo Romero, e na recolha da tradição oral de toda a região que abraça a baía de Pemba.

É seu autor Luís Alvarinho nascido em Pemba em 1959. (1)

Este jovem que na sua meninice por certo correu pela orla das ondas, colheu búzios na praia do Wimbe, bebeu sumo dos cajus, trincou maçanicas e jambalão: e na sua juventude se sentou frente aos microfones do Emissor Regional de Cabo Delgado, cativado pela magia e o poder da Rádio: este jovem, também ele elemento de mudanças políticas, inicia com o livro "PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÒRIA – 1850 / 1960", datado de 1991, um caminho de pesquisa etnográfica e política das terras de Cabo Delgado – Pemba – nos séculos XIX e XX.

Da recolha oral conta o autor uma terna história que transcrevo:

" em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swailis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhada por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante ( NUNO em língua local ) conseguiu sobreviver e montar aí a sua guarita.

Naturalmente conotada a NUNO pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo."

Esta obra com a qual me congratulo, não apenas pelo valor que tem, é uma pedra angular no espaço das letras moçambicanas.

Como o próprio autor diz em nota introdutória, "este trabalho não tem pretenções de um rigor histórico, como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistematização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente...

A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida."

(1) – Foi meu aluno no ensino secundário e faleceu alguns anos depois de ter escrito este livro histórico a que se refere esta crónica. - Glória de Sant'Anna .

(Transferência de arquivos do sitio "Pemba" que será desativado em breve)

4/29/08

Ecos da imprensa moçambicana - Nunca é demais repetir: Baía de PEMBA...a mais bela entre as belas !

Baia de Pemba- Maior beleza natural do mundo !
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Maputo - A baia de Pemba, Província de Cabo Delgado, é considerado pela UNESCO como uma das maiores atracções turísticas do mundo o reconhecimento surge na sequência da candidatura desta baia ao titulo de património da humanidade ao clube das melhores baias do mundo, património da UNESCO, na qual sagrou se uma das maiores belezas naturais do mundo, o que lhe conferiu ingresso àquele organismo mundial.
A candidatura da baia de Pemba foi apresentada no passado mês de Outubro no Brasil, concretamente na praia da rosa, agora património da UNESCO, por uma equipa constituída pelo presidente do Município de Pemba, Agostinho N’tauli e representantes da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo delgado, um evento que participaram representantes de 25 países interessados na promoção de turismo e das belezas naturais das baias.
De acordo com o Presidente do Município de Pemba o ingresso da baia no clube das mais belas baias do mundo afigura se uma entrada triunfal na medida em que, não só traz vantagens para a baia, mas sim para todo o País, sobretudo na promoção do turismo.
Apontou serem algumas vantagens que o clube pode trazer para a baia e coincidem com os desafios que o Conselho Municipal de Pemba apostou no Plano de Desenvolvimento da daquela cidade que são, nomeadamente, a promoção do turismo mundial, preservação do ambiente, promoção e conservação da cultura local, conservação e manutenção do estado natural das baias, defesa dos corais - espécies marinhas em via de extinção no mundo.
Refira se que aquela baia ja vinha lutando para o seu ingresso neste clube desde o ano 2002 junto da Associação dos Naturais e Amigos da Província de Cabo Delgado, actualmente conhecida por Cabo Delgado em Movimento.
Daniel Paulo
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Alguns post's anteriores sobre a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Pemba e o turismo... - 28ABR2008 - Aqui !

10/18/07

ANIVERSÁRIO DE PEMBA.

(Imagem daqui)
Pemba completa hoje 49 anos
A cidade de Pemba completa hoje 49 anos desde que foi elevada a esta categoria, em 1958, por Decreto-Lei de 18 de Outubro do Governo-Geral da então Província Ultramarina de Moçambique, depois de em 1934 ter ascendido à categoria de vila, por Portaria de 19 de Dezembro.
Do programa previsto para as comemorações conta-se o lançamento das festividades das “bodas de ouro”, a assinalar no próximo ano, cuja preparação, segundo a edilidade, deve começar hoje, para que a celebração venha a condizer com a idade da cidade.
Em termos recreativos pouca movimentação está programada, facto que está a ser criticado pelos munícipes, habituados a viver festivais de canto e dança e música em momentos como este.
Maputo, Quinta-Feira, 18 de Outubro de 2007:: Notícias
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Um pouco sobre a história de Pemba:
Em Maio de 1897 a Companhia Colonial determinou ao capitão José Augusto Soares da Costa Cabral para proceder à implantação de um povoado na baía de Pemba – assim as populações nomeavam a região.Passaria a ser a capital dos territórios da companhia majestática.
Lendo-se a documentação daquele tempo, o primeiro estudo de construção de um colonato na Baía havia sido já planejada pelo antigo governador colonial, em 1858. Entretanto, o comércio que se fazia nas margens da Baía se desenvolveu imenso, com as populações locais e com as caravanas que vinham do interior. Em 1897 a companhia majestática construiu um Posto Militar perto da povoação "Muenha Amada" que se localizava a noroeste do hoje Bairro do Paquitequete.Essa região era apelidada "Pampira". E com esse nome passou a chamar-se a povoação junto do Posto Militar abrangendo também a "Muenha Amada".Quando o povoado começou a ser traçado, fala-se, na História de Cabo Delgado e Niassa, do Dr Medeiros, que "Começaram logo a seguir os pedidos de arrendamento e de aforamento de talhões.Proibiam-se as construções que não fossem de alvenaria e que não obedecessem a certas regras.A Companhia extorquiu as terras aos habitantes do local, classificando-as de 1ª Classe para efeitos de concessão. Gerou-se com isso uma onda de especulação em torno dos terrenos, por intermédio a maioria das vezes dos empregados da Companhia, tanto em Pemba como no interior, e foram de tamanha ordem que o Estado Português, ao recuperar a administração em 1929 tinha, entre outras, uma pretensa concessão em Pemba que compreendia quase toda a povoação, incluindo o cemitério público"."Abertos os primeiros estabelecimentos comerciais, foi criado em 13 de Outubro de 1899 um posto fiscal. Pela Portaria do Ministério português da Marinha e Ultramar, de 22 de Novembro de 1899, e proposta do Conselho de Administração da Companhia, Pampira passou a denominar-se Porto Amélia, em homenagem à última rainha de Portugal".
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A Companhia majestática.
O distrito militar de Cabo Delgado, na administração colonial, foi encerrado em 1891. O território compreendido entre o rio Rovuma e o rio Lúrio foi então concedido por Lisboa a uma Companhia majestática que passou a ter poderes soberanos sobre a região.A Companhia tinha exclusividade da coleta do imposto, o monopólio dos direitos alfandegários, da transação de terras, o direito de subconcessionar e de exercer atividades comerciais e industriais, agrícolas e mineiras.Os funcionários coloniais, crioulos e mestiços na sua maior parte, passaram a constituir o grosso dos funcionários médios e inferiores da Companhia e também a servir no seu corpo de milícias.Foi assim um capitão ao serviço da Companhia, José Augusto Soares da Costa Cabral, quem foi encarregado de implantar a povoação na baía de Pemba que está na origem da atual cidade capital da província de Cabo Delgado, no Moçambique independente.
Transcrição daqui.

Mais sobre PEMBA:

O que conta o "blogueiro" Miguel (lá de Angola) em seu não continuado "Agora Com Destino", sobre sua passagem por Pemba: